domingo, 9 de dezembro de 2007

Depois do episódio paraguayo eu e a Jennifer (uma rapariga canadiana também voluntária da LIFE) separámo-nos do resto do grupo que voltou para Buenos Aires e continuamos a viajar pelo norte, agora para oeste (em direcção aos Andes). Passadas 22 horas no autocarro lá chegámos a Tucúman, onde ficámos só 1 dia, já que o objectivo era seguir mais para norte para a cidade de Salta. A cidade é um sitio que vale a pena visitar, com uma arquitectura que enche as medidas, animada e cheia de gente nas ruas a qualquer hora.



Mas o melhor mesmo está nos arredores de Salta...dali parte o famoso Comboio das Nuvens que atravessa os Andes num caminho Tortuoso, cheio de curvas e espirais, até à fronteira com o Chile. Como (infelizmente) o comboio neste momento não está a funcionar, fizemos o mesmo percurso ao lado numa carrinha...e que viagem...




Como “em Roma, faz como os romanos...” e dada a elevada altitude (mais de 4700m) adoptámos o costume local de usar folhas de coca para evitar a “puna” (enjoos, dores de cabeça, etc.). Ainda assim não deixámos de nos sentir meio aluadas quando chegámos à ultima parada do comboio - San António de los Cobres. Honestamente, não sei bem descrever esta cidade...não se parece com nada que alguma vez tenha visto... árida, desértica, quase inóspita, mas ao mesmo tempo acolhedora, principalmente pelas pessoas.
Depois desta paragem para recarregar baterias e beber um chá de folhas de coca seguimos por uma estrada mirabolante (que pouco ou nada tem a ver com a ideia que temos de estrada) até uma das paisagens mais impressionantes que já vi – as Salinas Grandes. Ali a exposição ao sol durante 15 minutos equivale a uma tarde inteira noutro sitio qualquer, por isso os trabalhadores das salinas estavam cobertos dos pés a cabeça, nem os olhos se viam.


A ultima paragem do dia foi Pumamarca – uma pequena vila que não tem mais de 6 ruas e uma praça – que parece esquecida algures num vale entre o Cerro das Sete Cores e a Palete do Pintor (o já dá uma ideia do quão impressionante são aquelas montanhas).


No dia seguinte mais uma longa, mas fantástica viagem ao longo da estrada do Inca (que atravessa os Andes em direcção ao Chile e ao Peru). O destino final era a vila de Cachi, mas aqui não há muito para contar, já que não vi muito mais que o posto médico lá do sitio, pois a Jennifer resolveu comprar uns figos secos no caminho – aparentemente uma especialidade local, apreciada por todos, menos pelo estômago da Jenni. Não vale a pena entrar em detalhes, mas o resto da tarde foi passado a fazer-lhe companhia enquanto levava dois litros de soro para se recompor. Manteve a boa disposição do costume e inclusivamente acedeu ao pedido da enfermeira Maria em um dia voltar a Cachi para trabalhar como enfermeira voluntária. Um dia fora do normal...

A seguir começámos a rumar a sul, mas decidimos (e já não sei bem porquê, mas ainda bem que o fizemos) fazer uma paragem numa cidadezinha chamada Cafayate. Chegámos e ainda nem tinha bem acordado da viagem no autocarro e quando dei por mim já estava no hostel El Balcon (é hábito aqui alguém dos hosteis estar nos terminais para levar o pessoal consigo...bom, estratégias de marketing diferentes). O sitio era tão agradável e acolhedor que não tivemos muitas duvidas em ficar por lá.. tem um terraço enorme com vista para as montanhas que rodeiam a cidade e um ambiente familiar (a publicidade é absolutamente gratuita, mas é sem dúvida um dos melhores sítios onde já estive), pela módica quantia de 4€ por noite. No primeiro dia houve um fantástico “assado” com mais de 20 pessoas e uma noite bem passada que durou quase até de manhã. Depois fizemos os percursos turísticos que se recomendam, entre eles as visitas as inúmeras bodegas de Cafayate, onde provei dos melhores vinhos. Mas o melhor mesmo foi o trekking na Quebrada de Cafayate e se as paisagens anteriores tinham impressionado, esta coloca-as a um canto...não vou descrever, pois não faz sentido e nem as fotografias dão uma ideia...


Por isto, pela simpatia das pessoas (bem mais genuína que a que se sente em BA) e pelo ritmo da cidade – lento, tranquilo, bem disposto – a vontade é mesmo ficar mais uns dias e devo confessar que mesmo só lá tendo estado 3 dias me custou bastante partir.


Mas lá teve que ser... mais de um dia em autocarros e de volta a Buenos Aires...um pequeno descanso e amanhã partida para a Patagónia.

4 comentários:

Unknown disse...

Para mim o título desta crónica podia ser: "Foi uma viagem difícil... mas havia a coca!" ;) gosto muito da tua crónica semanal. Fico à espera de notícias da Patagónia! Boa viagem *****

a. disse...

fotos fantásticas... viagem de sonho... sigo atentamente :)

MrEaster disse...

Parabéns! Excelente o ritmo da tua escrita assim como as tuas descrições. Aproveita.
Beijo
Filipe P.

diogo disse...

Susaninha you look great in this pictures =) eheheh muito bonitas **