sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Depois da viagem à Patagónia, mais alguns dias em Buenos Aires para as despedidas...

Aqui ficam algumas fotos.



Entretenimento gratuito e animação nas ruas como de costume...


Um último almoço, num sitio especial...


A despedida da LIFE e um último dia de voluntariado na Ciudad Oculta Os fantásticos dotes do Oscar nas artes plásticas...O adeus ao comedor "Union hace la fuerza". Sem duvida um sítio especial

Nada a dizer...invadiu-nos um sentimento de... palermice

As despedidas...








terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Atribulações Patagónicas

Depois de um breve descanso em Buenos Aires eu, a Joana e a Margarida fizemos as malas e rumámos à Patagónia. A primeira atribulação da viagem começou, na verdade, antes de começar quando percebemos que uma parte do percurso que queríamos fazer quase não tem ligações terrestres. Então, à última da hora, trocámos o bilhete e decidimos ir directas ao extremo sul da Argentina, antes da Tierra del Fuego. Passadas 38horas de autocarro, em linha recta e com uma paisagem que não se altera durante centenas de kilómetros chegámos a Rio Gallegos, que servia apenas de ponto de passagem para Ushuaia (a última cidade…o fim do mundo).

O pôr do sol no fim do mundo (por volta das 23h00...)

Passadas 24 horas de viagem...


Completamente extenuadas daquele autocarro fomos a correr comprar o bilhete para entramos noutro por mais 12 horas. Mas trocaram-nos as voltas e implicaram com o visto de estudante da Margarida que não estava actualizado e visto que para chegar a Ushuaia temos forçosamente de passar pelo Chile não nos deixaram embarcar…foi então a segunda atribulação da viagem.

Tivemos de fazer nova mudança de planos e decidimos ir nesse mesmo dia para El Calafate. Como tínhamos umas horas até à próxima ligação achámos que seria boa ideia ir conhecer Rio Gallegos (que afinal não se revelou assim tão boa). Não sei o que dizer sobre aquela cidade…é agreste, fria, e faz-te pensar que estás realmente no fim do mundo. Tem uma característica que a distingue de qualquer outro sítio: o vento alucinante. É impressionante, nunca tinha visto (ou melhor, sentido) rajadas de vento com aquela força, mas pelo menos posso dizer que já sei o que é voar…

Quando finalmente nos preparávamos para comprar o bilhete para El Calafate reparei que tinha feito mais uma das minhas…deixei o cartão na caixa Multibanco onde tínhamos levantado dinheiro umas horas antes. E mais uma atribulação…depois de muita correria, ventania e de implorar aos funcionários do banco que me devolvessem de imediato o cartão (já que supostamente só o podiam fazer no dia a seguir), lá conseguimos chegar às bilheteiras, mas não conseguimos evitar perder o autocarro e ficar mais umas horas no terminal (já que as condições climatéricas não permitiam grandes passeios).

Chegadas a El Calafate, com um frio de rachar e sem tomar banho há 2 dias, encontrámos um hostel a um preço bem razoável (tendo em conta os preços disparatados que se praticam no sul da Argentina). O dia a seguir foi o ponto alto da viagem: a visita ao glaciar Perito Moreno. É realmente uma visão impressionante: uma gigantesca parede de gelo, equivalente a um prédio de 25 andares. O glaciar perito moreno é famoso por isto, mas também por ser um dos mais dinâmicos, visto que está constantemente a ganhar (quase 1 metro por dia) e a perder tamanho nas famosas rupturas em que enormes troços de gelo caem estrondosamente na água. Para além disso é dos poucos (penso que o único) que se pode aceder por terra, que foi o que fizemos numa excursão de trekking em cima do glaciar com grampões de ferro…que não vos posso mostrar já que as duas baterias da máquina resolveram acabar no primeiro dia. É uma pena não me verem a mim e à Margarida em grande estilo a escalar no gelo com grampões e a beber um um whiskie “on the rocks” bem geladinho (com pedrinhas do Perito) no final da excursão.


Sem muito mais para ver em El Calafate – cidade que não é mais que uma rua repleta de lojas de “regalos”, cheias de turistas europeus a passearem os seus fatos de neve – resolvemos partir para El Chálten, uma vilazinha com 600 pessoas que desde há muito é um local de eleição para os amantes da escalada e da alta montanha e que nos últimos anos parece ter acordado para o turismo. Num primeiro momento o sitio parece encantador, com casinhas espalhadas no meio do vale e com o fantástico cerro FitzRoy como pano de fundo, depois começa a ficar-se com a ideia de que o sitio não tem história, que nada nem ninguém está ali há mais de 3 anos (e maior parte não está), que existe alguma desordenação e ânsia de construir para deixar as coisas prontas para os turistas que hão de vir… No entanto passámos dois dias fantásticos a caminhar pelas montanhas com paisagens lindíssimas do final do mundo.

Fica aqui uma recomendação: o hostel “Gaciar Marconi” onde ficámos muito bem instaladas e a bom preço e, um obrigado ao “primo” Franco Guerrero, o dono do hostel.

Posso dizer que fechei a viagem em beleza antes de voltarmos a Buenos Aires, para as despedidas e inevitável, mas custoso, regresso a Portugal.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Depois do episódio paraguayo eu e a Jennifer (uma rapariga canadiana também voluntária da LIFE) separámo-nos do resto do grupo que voltou para Buenos Aires e continuamos a viajar pelo norte, agora para oeste (em direcção aos Andes). Passadas 22 horas no autocarro lá chegámos a Tucúman, onde ficámos só 1 dia, já que o objectivo era seguir mais para norte para a cidade de Salta. A cidade é um sitio que vale a pena visitar, com uma arquitectura que enche as medidas, animada e cheia de gente nas ruas a qualquer hora.



Mas o melhor mesmo está nos arredores de Salta...dali parte o famoso Comboio das Nuvens que atravessa os Andes num caminho Tortuoso, cheio de curvas e espirais, até à fronteira com o Chile. Como (infelizmente) o comboio neste momento não está a funcionar, fizemos o mesmo percurso ao lado numa carrinha...e que viagem...




Como “em Roma, faz como os romanos...” e dada a elevada altitude (mais de 4700m) adoptámos o costume local de usar folhas de coca para evitar a “puna” (enjoos, dores de cabeça, etc.). Ainda assim não deixámos de nos sentir meio aluadas quando chegámos à ultima parada do comboio - San António de los Cobres. Honestamente, não sei bem descrever esta cidade...não se parece com nada que alguma vez tenha visto... árida, desértica, quase inóspita, mas ao mesmo tempo acolhedora, principalmente pelas pessoas.
Depois desta paragem para recarregar baterias e beber um chá de folhas de coca seguimos por uma estrada mirabolante (que pouco ou nada tem a ver com a ideia que temos de estrada) até uma das paisagens mais impressionantes que já vi – as Salinas Grandes. Ali a exposição ao sol durante 15 minutos equivale a uma tarde inteira noutro sitio qualquer, por isso os trabalhadores das salinas estavam cobertos dos pés a cabeça, nem os olhos se viam.


A ultima paragem do dia foi Pumamarca – uma pequena vila que não tem mais de 6 ruas e uma praça – que parece esquecida algures num vale entre o Cerro das Sete Cores e a Palete do Pintor (o já dá uma ideia do quão impressionante são aquelas montanhas).


No dia seguinte mais uma longa, mas fantástica viagem ao longo da estrada do Inca (que atravessa os Andes em direcção ao Chile e ao Peru). O destino final era a vila de Cachi, mas aqui não há muito para contar, já que não vi muito mais que o posto médico lá do sitio, pois a Jennifer resolveu comprar uns figos secos no caminho – aparentemente uma especialidade local, apreciada por todos, menos pelo estômago da Jenni. Não vale a pena entrar em detalhes, mas o resto da tarde foi passado a fazer-lhe companhia enquanto levava dois litros de soro para se recompor. Manteve a boa disposição do costume e inclusivamente acedeu ao pedido da enfermeira Maria em um dia voltar a Cachi para trabalhar como enfermeira voluntária. Um dia fora do normal...

A seguir começámos a rumar a sul, mas decidimos (e já não sei bem porquê, mas ainda bem que o fizemos) fazer uma paragem numa cidadezinha chamada Cafayate. Chegámos e ainda nem tinha bem acordado da viagem no autocarro e quando dei por mim já estava no hostel El Balcon (é hábito aqui alguém dos hosteis estar nos terminais para levar o pessoal consigo...bom, estratégias de marketing diferentes). O sitio era tão agradável e acolhedor que não tivemos muitas duvidas em ficar por lá.. tem um terraço enorme com vista para as montanhas que rodeiam a cidade e um ambiente familiar (a publicidade é absolutamente gratuita, mas é sem dúvida um dos melhores sítios onde já estive), pela módica quantia de 4€ por noite. No primeiro dia houve um fantástico “assado” com mais de 20 pessoas e uma noite bem passada que durou quase até de manhã. Depois fizemos os percursos turísticos que se recomendam, entre eles as visitas as inúmeras bodegas de Cafayate, onde provei dos melhores vinhos. Mas o melhor mesmo foi o trekking na Quebrada de Cafayate e se as paisagens anteriores tinham impressionado, esta coloca-as a um canto...não vou descrever, pois não faz sentido e nem as fotografias dão uma ideia...


Por isto, pela simpatia das pessoas (bem mais genuína que a que se sente em BA) e pelo ritmo da cidade – lento, tranquilo, bem disposto – a vontade é mesmo ficar mais uns dias e devo confessar que mesmo só lá tendo estado 3 dias me custou bastante partir.


Mas lá teve que ser... mais de um dia em autocarros e de volta a Buenos Aires...um pequeno descanso e amanhã partida para a Patagónia.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Cataratas

Depois de uns dias cansativos e cobertos de terra laranja, despedimo-nos da pacata Montecarlo e dirigimo-nos mais a norte para Puerto Iguaçu já com um clima subtropical, muito calor e humidade. Naquela pontinha do país encontram-se as três fronteiras: do Brasil, Paraguay (onde acontecem fenómenos interessantes, mas já lá vamos). Em Puerto Iguaçú, uma cidadezinha tranquila, mas com muita pita, ficámos num Hostal – Peter Pan – com uma piscina e muito espaço para (es)preguiçar. Dali visitámos as famosas cataras do Iguazú tanto do lado brasileiro como do lado argentino (este incomparavelmente melhor). Foram dois dias a caminhar pelos parques nacionais com vistas brutais das cataratas.





Jantar de despedida com os voluntários da LIFE


No último dia com o grupo da LIFE demos um salto ao Paraguay – Ciudad del Este. Aqui é que se vê realmente que estamos na América latina...na fronteira os motoristas e funcionários inventam maneiras de sacar dinheiro aos americanos e canadianos (com o pretexto de que estes precisam de visto para entrar no país)...no nosso grupo eram 5 norte americanos, valeu a coordenadora da LIFE, argentina de gema, que os safou de males maiores. Este é só um dos esquemas junto às 3 fronteiras, outro bem melhor acontece mesmo no Paraguay. Neste país os produtos de informática não pagam impostos para entrar, logo são muito mais baratos o que faz com que o mercado negro funcione sobre rodas (ao contrário da economia do país que pouco rola). Aliás há quem diga (meio na brincadeira) que o mercado negro É a economia do país. Bom então um dos esquemas é fazer entrar ilegalmente estes produtos baratos. O Brasil obviamente que não quer e tem uma enorme vedação do seu lado e controle na fronteira. Então os paraguaios tiveram de ser criativos . Como? Desembalam tudo computadores, máquinas digitais das caixas das marcas e voltam a embalar em plástico e fita cola (muita fita cola) para a noite atirarem ao Rio Paraná e alguém apanhar do lado brasileiro. E pronto é o único trabalho de alguns paraguaios e brasileiros na Ciudad del Este, onde as lojas, barracas e centros comerciais se amontoam a vender de tudo um pouco, de óculos Armani a 5€ a relógios Swatch a 3€, com o rasgar da fita como barulho de fundo.

Ciudad del Este

O constante desempacotar e empacotar...

sábado, 1 de dezembro de 2007

Terra cor de tijolo

Nunca um banho soube tao bem (nem nunca precisei tanto de um ao final do dia como naqueles que passámos na aldeia de Perutti). Perutti é uma pequena comunidade indigena situada no nordeste da argentina, já próximo do Brasil e Paraguay, daí que a lingua que os locais falam entre eles seja o Guarany (desconheco se ha relaçao com o Guaraná, mas hei-de saber). Ali vivem cerca de 500 pessoas, literalmente no meio da selva e completamente isoladas da civilizaçao mais próxima – Montecarlo – onde o pessoal da LIFE (13 no total) fica instalado. Nao é dificil descrever a aldeia – predomina o verde (ora pois estamos na selva) e a terra cor de tijolo. Alias quase tudo é desta côr e o que nao é rapidamenente fica: sapatos, roupa, pele (principalmente os miudos que andam sempre completamente imundos dos pés aos dentes). Por isso, uma das nossas tarefas – limpar a miudagem, tirar-lhes os piolhos e afins (tarefa a que me conseguir esquivar) – revelou-se totalmente inglória já que 10 minutos depois estavam no mesmo estado em que os encontrámos...

Até há pouco tempo (uns 40 anos) esta populaçao era nómada, sendo forçada a fixar-se...o governo argentino delimitou uma área – reserva indigena (até soa bem) e dalí quase nao saiem (das 500 pessoas, apenas 5 ou 6 homens trabalham em Montecarlo e claro, os habitantes da cidade claro preferem que assim seja). De resto trabalham em agricultura, artesanato e pouco mais, ou seja, nao tem formas de subsistência próprias. Ali falta quase tudo, ninguém usa sapatos, principalmente os miudos. Sanita, duche, água corrente nao existem (vivem tao isolados que nem conheciam a existêcia destes objectos que nos sao tao familiares). Apesar de tudo, parecem viver relativamente felizes, principalmente os miudos (bem mais que aqueles dos bairros dos arredores de BA). Os problemas sugrem mais quando crescem e vao para a escola fora da aldeia e têm de contactar com outras pessoas...ninguém lhes facilita a vida e vivem completamente á margem. Penso que por isto trabalho da LIFE é bastante importante, porque levam roupa, sapatos, objectos de higiene, enfim... mas tambem porque ajudam a desenvolver algumas competencias sociais...temo é que a longo prazo se esteja a tapar o sol com a peneira e eles se habituem demasiado a receber sem fazer nada por isso e nao aprendam a caminhar sozinhos.

Aqui ficam as fotos...

Uma casa da aldeia onde vive uma familia inteira (nao sei bem com quantas pessoas)

Um passeio no meio da selva guiado pelos miudos

Uma pequena parte do material oferecido todos os meses (acreditem ou nao os objectos mais concorridos sao mesmo os frascos e as panelas...há pouco tempo a LIFE descubriu que algumas pessoas deitavam fora a comida que o governo lhes manda porque nao tinham onde cozinhar)


A fila para o leite. Uma das minhas tarefas era por aquela miudagem toda em fila e bem comportada para o lanche (parece mais fácil do que é...)

O Jose a recolher o lixo do chao, tarefa que os miudos fazem em troca de um "alfajor" (tipo bolachas com chocolate)

Contentes da vida com os "alfajores" e com os sacos do lixo a servirem de capas (há falta de melhor...)

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

À descoberta da Argentina

Hola!

Desculpem a ausência, mas a ultima semana foi agitada e esta não está a ser menos...alguns episódios menos bons, mas nada de grave. Na passada terça feira, fiz uma das minhas...deixei a bolsa (com carteira, telemóvel, chaves...) num “comedor” na Laferrere e só me apercebi já estava em BA. No dia a seguir, depois de uma tarde atribulada para lá chegar, a senhora responsável pelo comedor devolveu-me a carteira mas faltava o meu cartão do banco....surpresa para mim e aparentemente para ela também. Parecia estar tão chocada como eu e achei melhor não fazer acusações (nem havia condições para isso) e lá me vim embora relativamente (des)preocupada, porque quem quer que o tenha tirado não tem grandes hipóteses de fazer compras ou levantar dinheiro (até porque ali caixas Multibanco e lojas são coisas que não existem). Cartão cancelado, problema resolvido...um mistério por desvendar. À noite, eis senão que a Joana também perde o dela para animar o dia...resolvemos então ter umas aulas de tango na “La Viruta” e beber um copo para remediar a coisa. (o cartão da Joana apareceu, o meu continua por ai perdido nessa Buenos Aires).


O fim de semana foi óptimo como de costume, longos passeios por Palermo Viejo e descobrimos que não é necessário sair de BA para chegar ao Japão... e que afinal se pode fugir do barulho e encontrar um sitio tranquilo mesmo aqui ao lado: o Jardim Japonês.



Agora lembrei-me de algo que me tenho esquecido de falar: aqui há arvores que pingam agua. Um fenómeno estranhíssimo que encontrámos logo nos primeiros dias. Ao inicio pensávamos que eram os passaritos a largar prendinhas, mas não, eram mesmo as arvores. Mais um mistério... Para os interessados a arvore chama-se Tipuana Tipu
Neste jardim japonês eram mais que muitas as árvores assim, que tornavam o sitio ainda mais magnífico.



Festa em casa de uns Erasmus. A noite acabou com uma enorme de reuniao de tugas (estamos mesmo em todo lado...)


Como sempre animaçao aos domingos... Talvez umas das melhores coisas que a cidade tem para oferecer: música e festa em cada canto


A estadia em Buenos Aires está a chegar ao fim e na próxima quinta feira começo a viajar. Primeiro vou ao norte do País – à Província de Missiones – com a LIFE. Tal como eles fazem todos os meses eles, vamos ajudar uma povoação local: levamos comida, produtos de higiene, roupa (e tudo o mais que se lembrarem e que normalmente não damos muita importância). Acho que vou fazer de tudo um pouco, carregar caixas, separar roupa, fazer comida, tirar piolhos aos chicos... Depois de 4 dias no meio da selva, temos um merecido passeio as Cataratas do Iguazu no Brasil, e um saltinho ao Paraguai. Na semana seguinte o pessoal da ONG volta para Buenos Aires, mas eu fico pelo Norte da argentina (já perto da fronteira com a Bolívia) a viajar com uma rapariga Canadiana. Não tenho planos, nem sei bem quando volto a Buenos Aires mas vou tentar ir dando noticias.


Suerte a todos!
(Mais uma curiosidade... aqui muitas pessoas quando se despedem em vez de dizerem tchau ou até a próxima dizem "suerte"...mais um detalhe que exemplifica bem a simpatia dos porteños)!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Um dia nas pampas com os Gaúchos

Mais um passeio pelos arredores de Buenos Aires desta feita a San António de Areco, uma terreola que parece estar a um mundo de distância de Buenos Aires (na verdade é só a 2 horas de caminho). Areco é uma vila tranquila, verde por todo lado, óptima para um descanso da enorme confusão da capital. Soubemos por umas colegas da LIFE que o domingo passado era o Dia da Tradição, algo que só se passava uma vez por ano e pensámos: porque não?

O dia começou logo bem, porque como verdadeiras portuguesas que somos achámos (ao contrario da francesa e das canadianas que também iam) que não era preciso comprar o bilhete antes, que comprávamos domingo de manhã...Claro que não foi bem assim, estava esgotado (mas não abortámos), lá conseguimos para duas horas depois, mas perdemo-nos das outras jovens. Aproveitamos o tempo morto para ir a San Telmo que vocês já conhecem, certo? Certo. Todos os domingos há uma feira e neste havia uma diferente, com barracas do mais estranho possível, tipo museu vivo, um concurso qualquer de originalidade...na verdade um verdadeiro freak show.


Depois de mais uma odisseia para arranjar moedas para o “colectivo” (esqueci-me de contar esta particularidade, os autocarros funcionam lindamente, organizados, chegam a todo o lado... mas só se pode comprar um bilhete de cada vez, $0.80, só em moedas, só no autocarro. Ora ninguém tem moedas, ninguém troca em lado nenhum, temos que andar a comprar parvoíces para arranjar trocos) e lá fomos para o terminal e daí para Areco.

Depois de muito caminharmos lá encontrámos a fiesta, os gaúchos (os cowboys cá do sitio) vestidos a rigor, verde a perder de vista cavalos e mais cavalos e claro, consequentemente muita bosta de cavalo (um cheiro que nos acompanhou todo o dia). Chegámos com fome e estávamos convencidíssimas que ali se comeria bem. Procurámos um sitio para sentar, com um banquete, mas só encontrámos umas bancas do género bifanas e cerveja e também não nos pareceu mal até nos darem um pedaço de carne enorme inteiro e muito pão. Ninguém parecia atrapalhado, todos tinham a faquinha presa no cinto e pareciam fazer aquilo todos os dias. Estas duas jovens, pouco habituadas e sem faquinha, resolveram pedir ajuda ao jovem da banca...este deu-nos um facalhão enorme e virou costas. A carne era tão rija, que nem à faca, nem ao dente...rimo-nos do ridículo (e os locais que lá estavam também) e desistimos, até porque a fome entretanto passou.

Aqui está uma frase que me disseram ontem que acho que até vem a a calhar...“A sabedoria dos homens é proporcional não à sua experiência mas à sua capacidade para adquirir experiência” George Bernard Shaw

Bom...neste caso aprendemos como vivem os locais e aprendemos também que para a próxima ou levamos uma faca ou ficamo-nos pelas empanadas :p



Mais fotos....

Jantar de tugas lá em casa

Av de Mayo

Esmeralda Otero