domingo, 4 de novembro de 2007

Olá boa gente

Hoje vou falar-vos um pouco dos Argentinos. É sempre presunçoso tentar descrever um povo inteiro em poucas palavras e ao fim de tão pouco tempo...bom mas pior é não vos contar nada. Os argentinos são de uma amabilidade rara (tão rara que chega a ser demais). Já aconteceu de tudo, desde de duas pessoas que quase discutiam para serem elas a ajudarem-nos, a um casal a quem pedimos indicações que nos deu o nº telefone para o caso de termos algum problema. Ficam aparentemente muito contentes (e surpresos) por sermos Portuguesas. Acho mesmo que é daí que vem parte dessa simpatia (não por sermos portuguesas, mas europeias). Adoram...de repente no meio da conversa tornamo-nos “the special ones”.

Mas também é importante que se diga que esta gentilieza não vale para todos. É uma sociedade bastante discriminatória, por exemplo os indígenas, peruanos, bolivianos, vivem TODOS (não sei se será exagerado) naqueles bairros degradados onde trabalhamos e praticamente não se vêm nas melhores zonas da cidade, isto se não contarmos com aqueles todos sujos que vasculham à noite no lixo dos prédios e empresas – “Os cartoneros” (outra profissão curiosa) – que procuram cartão para vender.

Aliás o pais está à tanto tempo em crise (só varia a profundidade da crise) que as pessoas inventam toda e qualquer forma para fazer dinheiro (tudo se vende, tudo de aluga) e vê-se que até as que vivem nas melhores zonas têm muitas dificuldades (é ver aquelas senhoras do género Av. Roma a fazerem contas aos pesos no supermercado e às voltas com os talões de desconto para o detergente). Para terem uma ideia, os salários de algumas pessoas são pagos pelas empresas ou pelo governo em vales de compras que estas depois descontam no supermercado.

E as pessoas parece que se resignaram, há um pessimismo geral e já ninguém acredita que a situação vá melhorar. Acontece que esta atitude faz com que exista alguma inércia e serve, de certa forma, de desculpa para não se (tentar) mudar nada. Nalguns daqueles bairros a lógica é: “isto está tão mau, nem vale a pena procurar um emprego, vou mas é ficar aqui encostado à soleira desta porta a viver do subsidio do estado”. (óptimo exemplo para alguns miúdos que acham que não vale a pena ir à escola).

Parece então uma sociedade meio adormecida em que muitas coisas não funcionam e paciência é uma palavra-chave. O aviso nesta porta de autocarro é um bom exemplo, heh.



Bem, isto vai longo hoje. Mas ainda ficam algumas novidades para quem não acompanha: a semana passada foram as eleições, como vos disse, foi eleita a primeira mulher presidente na Argentina (o segundo lugar foi também para uma mulher), o que não significa necessariamente que esta seja uma opção para o país, mas enfim... De resto o tempo está óptimo, há sempre muito para se fazer e os bifes continuam baratos :)

Aqui ficam algumas fotos.

Grande concerto: Tangoloco (misturam tudo e mais alguma coisa com tango...muito bom)


O Obelisco esse grande monumento...



La Boca: El caminito (o lugar tipicamente turistico, mas vale a pena)




El Tigre: passeio no delta de um rio nos arredores de Buenos Aires



2 comentários:

Unknown disse...

Ganda profiler! bela descrição do estado da nação, ou pelo menos do que se respira em Buenos Aires.
David

Sue disse...

Gracias! E obridado a ti, grande impulsionador deste blog! :D **
Susana